domingo, 21 de setembro de 2008

As intermitências da morte

Acabei ontem de noite As Intermitências da Morte, do Saramago.

Interessante como e para onde as características de um autor levam um tema. Saramago aqui trata do tema da morte personificada, tornam-do próxima dos seres a quem deve dar o destino final. A morte aqui (com letra minúscula, mesmo) decide parar de trabalhar, uma espécie de greve não-anunciada, e o caos toma conta de um pequeno país indeterminado. E quando as coisas vão chegando a uma situação insustentável, ela envia uma carta, escrita de próprio punho, reclamando da maneira como é tratada, e estabelecendo uma nova política mortuária, por assim dizer. Daí o autor centra-se na morte como personagem, mostrando que ela, apesar de diferente, é igual a todos nós.

Disse no começo que é interessante como e para onde as características de um autor levam um tema. Disse isso porque a temática principal é bem parecida com a tratada em O Senhor da Foice, do Pratchett. Mas lá o desenvolver é bem diferente, apesar de uma maneira não ser inferior à outra. Onde Saramago mostra toda o seu pessimismo frente às escolhas da humanidade, em contraste com os otimistas atos individuais, Pratchett mostra o hilário e o absurdo das escolhas individuais, mas que de uma maneira ou outra acabam levando à redenção coletiva. Não sei, posso estar falando absurdos, mas creio que os dois autores não são assim tão diferentes quanto a primeira impressão pode nos fazer parecer..

Recomendo ambos. Abração

2 comentários:

Anônimo disse...

Evidentemente Pratchett e Saramago são dois seres diferentes. Não discuto juízo de valor, não cabe analisar grau de superioridade, uma vez que temos literaturas distintas.
Em todo caso, é engraçado quando ela é personificada, já que isso é algo impossível. A intenção, creio eu, é trazer algum tipo de humor mórbido. Mas ela é intensa, verdadeira, invasora, direta, faceira. Não gosto dela, já a vi em sonhos, mas sei de sua existência. É complicado falar disso. Prefiria a época em que eu era apenas o inocente tranqüilo, mas ao me debater com os conceitos de pessoas como Sartre e Nietszche, talvez eu tenha me tornado um lúcido angustiado. Mas eu ainda sou a opção número 1. Não hoje, nem nesse horário.
O fato é que é bom ela estar bem longe da minha propriedade.
ok, basta! mais não digo. Abraços, mano!
Robson

Ayeka disse...

Saramago escreve histórias realmente interessantes, ele possui toda uma forma de levar o rumo do enredo que é bem fascinante.
Agora mudando um pouco de assunto, para não dizer totalmente.
Criei o meu blog justamente por gostar muito da cultura japonesa. E fico muito feliz que tenha gostado dele.
Sei que aquelas video aulas podem ajudar muita gente a aprender, assim como elas me ajudaram e ainda ajudam.
O seu blog já está linkado lá no meu também, gostei bastante dele.
Abração! =*