quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Rurouni Kenshin (no spoilers)

Pô.. este elfo acaba de ler Rurouni Kenshin.

Image Hosted by ImageShack.us


Não gosto muito de acabar um história. Parece que se foi um pedaço da gente, que não mais voltará. Mesmo sabendo que há sempre uma nova leitura em cada releitura, ou seja, que cada boa história é uma nova boa história quando relida [1], não muda o fato de que não há aquele sentimento de novidade da história, e que as surpresas não voltarão sem que haja um lapso realmente muito grande entre a leitura e a releitura. E não há realmente garantias de que isso vá acontecer.

Voltando ao Kenshin. Gostei da história. Posso dizer que esta foi acrescentada ao rol das melhores histórias que já li em quadrinhos, ao lado, por exemplo, do projeto Q.U.A.C.K. do Don Rosa (A Saga do Tio Patinhas).

A história do espadachim que mudou a História, mas que decidiu sair da História para expiar seus assassinatos. Do espadachim que jurou nunca mais matar. Interessante pensar em como minha visão do Kenshin do início do mangá mudou agora que sei como termina. Acho que essa é a vantagem de se ler os 255 capítulos todos em coisa de 3 ou 4 semanas ^^"

Ouço muita gente criticar as decisões tomadas pelo autor (inclusive ele próprio), mas creio que foram decisões acertadas no sentido de que deram mais profundidade à trama e aumentaram seu valor literário. A construção das personagens é adequada, o protagonista é complexo e seus antagonistas também, coisa que dificilmente se vê em um mangá shonen (os fans que me desculpem, mas apesar de eu idolatrar o Goku e torcer positivamente pela morte do Seiya, não posso dizer que sejam, do ponto de vista literário, sequer um pouco complexos... o Goku chega a ser mais plano que uma folha de papel de seda depois de esmagada por um rolo compressor ¬¬). Kenshin foi cuidadosamente construído em torno de um fato crucialmente fatídico, oculto de todos até a última fase da história; os vilões por excelência, Shishio e Enishi, trágicos e pertubados; e até alguns personagens secundários, como o Sano, o Yahiko, o Saitou e o Aoshi, possuem história cuidadosamente evoluída para que não contrastassem muito com o Kenshin, no sentido de serem psicologicamente "ocos".

Enfim, acabou, e este elfo já sente saudades. Mesmo sabendo que há mais material (que vai ser emprestado a este elfo assim que ele devolver os últimos 14 volumes que estão em sua posse), ainda assim acabou.

Saco!


[1] Esta é uma das bases para que uma história seja considerada "literatura". Maiores informações, procure algum livro de Teoria da Literatura. Recomendo também que dê uma fuçada em autores como Propp e Greimas, que o ajudarão a entender melhor a estrutura narrativa.

Nenhum comentário: