terça-feira, 14 de outubro de 2008

Mestre Gil de Ham

Acabei de ler esse pitoresco conto do Tolkien.

Trata-se de um dos contos que o Professor criou em tardes de piquenique ou noites de chuva para entreter sua prole de 4 filhos. Os mais conhecidos são Roverandon e Mestre Gil de Ham, editados e publicados em livro, lançados no Brasil pela Martins Fontes.

Mestre Gil de Ham (Farmer Giles of Ham, no original) conta a história do fazendeiro AEgidius Ahenobarbus Julius Agricola de Hammo, ou, na língua do povo, Gil de Ham. Esse pequeno proprietário rural da bretanha medieval é senhor de si e de seu cachorro Garn, e um dia se vê às voltas com um dragão, Chrysophylax, e seu tesouro. Conforme desenrola-se a história, Gil vai se tornando cada vez mais confiante em si e em sua sorte, e chega ao ápice social aspirado por qualquer um daquela época: ser senhor de seu próprio reino.

Bom. O que chama atenção nesse conto é o fato de - diz-se - ser totalmente dissociado do mundo mítico criado por Tolkien: Arda, onde se passam as lendas do "Silmarilion" e a história de "O Senhor dos Anéis". Como chato tolkiendili de plantão, sou obrigado a dizer: "Discordo!" Há muito menos que em Roverandon, claro, e extremamente discreto, acho que pelo simples fato de que passa-se em tempo e local específicos - Idade Média, região de Oxford, Inglaterra. Mas há algo, sim. O local onde os dragões e gigantes moram. Lógico, não são as Colinas de Ferro, com seu Urzal Seco, pois mesmo se considerássemos uma geografia mítica modificada da Terra-média de Arda, a região da atual ilha da Bretanha seria a contraparte real da região do Condato hobbit. Não. O que ocorre nesse caso é um caso típico de localização e descrição iguais para coisas iguais. Assim como na Terra-média, o local onde os dragões moram fica a noroeste do ponto de referência da história (as Colinas de Ferro a noroeste das terras amigas habitadas; os Montes Ermos, no atual País de Gales). E assim como em "O Hobbit", a descrição das proximidades onde habita um dragão é parecida: árvores quebradas, sebes queimadas, capim enegrecido, etc. Mas fora isso, não há realmente como associar Gil de Ham ao mundo mítico de Arda. Enquanto Roverandon vai no dorso de uma baleia até a baía de Aman, no reino abençoado, aqui não há mistura alguma.

Mas Mestre Gil de Ham é uma boa história a ser contada para crianças, lida em salas de aulas por professores, e coisas do tipo.

Não é execepcional, mas recomendo.

2 comentários:

Nilda disse...

vergonha.. vergonha.. acredita que não li este conto ainda?
Aliás, não li nem o Leaf by Niggle traduzido pelo Cisne..
tá, é melhor ler no originial, mas ainda não me arrisco.. o inglês de Tolkien não é fácil para iniciantes como eu..

Fimbrethil disse...

Adorei a resenha, Saitar:) Você é mesmo um nerd hehehehehehehehe

beijo
Fimbrethil