quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Iaijutsu no Niten

Cheguei agora há pouco de uma aula experimental de Iaijutsu, lá na unidade Tatuapé do Instituto Niten. Acho que já tinha comentado que pretendia ainda esse ano visitar o treino e ver como era, se iria gostar, etc. Pô, gostei. Tô moído, mas gostei. O Senpai Adeval judiou, mas eu já sabia que estava fora de forma, mesmo, e só ficou mais evidente.

Fui recepcionado pelo Dênis (se não me falha a memória, era esse o nome) e logo partimos para o alongamento. No treino eu era o único a praticar o iai, enquanto todos os outros praticavam o kenjutsu. A diferença é que o kenjutsu é a arte da espada, e é treinado com um shinai, uma espada de bambu; o iaijutsu é a arte de desembainhar a espada (me corrijam se estiver falando besteira), treinado com o bokuto (uma espada de madeira) ou o iaito (espada sem corte).

Achei bem legal todo mundo praticando os golpes com o shinai, lutando, mas não é a minha cara. Posso vir a praticar, mas como pensei, meu negócio é o iaijutsu. Por quê? Porque me parece que o iai lida com o interior do próprio praticante, independente de um oponente físico ou não. Os katas - seqüências de golpes - são praticados contra um oponente imaginário, mas eu demorei um pouco a perceber como era de fato que funcionava a coisa. Eu estava tentando fazer os movimento básicos, e não tinha reparado ainda como seria aquilo tudo na prática. Quer dizer, eu entendia, mas não visualizava a cena mentalmente. Quando parti para os katas o Senpai começou a mostrar, quando eu fazia alguma besteira maior (porque as menores não tinha como evitar), o que é que o adversário poderia fazer a partir daquilo, e então eu comecei a ver a "cena" na minha cabeça. Começou a ficar mais fácil executar o kata. Eu continuei fazendo as besteiras, mas dessa vez eu visualizava o oponente durante sua investida.

Outro aspecto interessante do treino é que é dada uma importância (nem exagerada, nem banal, mas no ponto certo) à vivencia dos alunos, ao sentimento deles. A grande filosofia e importância de se praticar alguma coisa, qualquer coisa, do meu ponto de vista é esse: "não vou usar essa técnica no meu dia-a-dia, mas isso vai me auxiliar a tomar as melhores decisões em vários momentos da vida, sejam eles singelos ou cruciais."

Resumindo. Não sei se vou poder retornar, desta vez como aluno matriculado, logo no começo do ano que vem (muitas são as variáveis, e o futuro não está nem um pouco claro para mim nesse momento), mas é algo que eu gostaria de praticar logo. Vou começar a exercitar mais os grupos musculares adequados e praticar a posição de sentar sobre os calcanhares (pelo que eu vi na net, acho que é posição de seza), para não terminar com a língua de fora como hoje, nem com os joelhos doloridos...

Obrigado pela oportunidade, Senpai Adeval e colegas de treino que não tive oportunidade de conhecer. Espero que possamos treinar juntos novamente.


Praticante durante a execução de um kata


Sensei Jorge Kishikawa desembainhando a espada

4 comentários:

Rob Seixas disse...

Bom, não entendo "bulhufas" disso, mas eu posso imaginar a cena... Realmente, a sua figura nessas posições deve se bem engraçada, rsssss. Mas você consegue; te dou força (afinal, deve ser sua cara, rsssssss). Bom, é uma pena que o nosso amigo "personalidade" não postou mais nada, né? Abraços.
P.S. Se conseguir me desviar da vigilância, postarei mais filmes hoje!

Anônimo disse...

Meu caro amigo, quase fiquei tonto após conferir toda essa nomenclatura. Deve ter sido, no mínimo, uma experiência ímpar poder acompanhar uma aula dessas... Particularmente, achei interessante a observação de que "não vou usar essa técnica no meu dia-a-dia, mas isso vai me auxiliar a tomar as melhores decisões em vários momentos da vida, sejam eles singelos ou cruciais." Concordo com você, pois toda espécie de artes, sejam elas marciais ou não, tem como propósito principal desenvoler um estado de espírito pacífico capaz de influir, sabiamente, em toda gama de decisões que tomamos em nosso cotidiano...

Boa postagem!!!

IndigenteCibernético disse...

Fala sério hein...
Mais uma q eu não sabia... rsrs
Ahh!! Sobre meus posts, geralmente eu saio "caçando" a internet e acabo achando essas "pérolas".. rsrsrs

J.Estel Santiago disse...

oi, saitar.

ontem, durante o lançamento do Tempo de Travessia, o Thorin falou sobre o Niten. Ele pode te dar alguns toques, se vc quiser.

Entendo o que você diz quando "(...)e então eu comecei a ver a "cena" na minha cabeça. Começou a ficar mais fácil executar o kata".
É isso aí, quando aprendia um novo kati de kung fu a primeira pergunta ao mestre era: "tá, e isso bate onde, o cara leva onde, eu recuo por quê, etc etc etc... " não que eu seja um pentelho, hj em dia entendo melhor as coisas, mas tem hora que parece "sem sentido", aí o movimento fica sem expressão alguma.

Ah, seiza é uma posição legal (com o tempo, você acostuma).

Abçs